2 de março de 2014

as amizades

Acho que desde sempre fui uma simpático-ranhosinha. Acho que sou de trato fácil, simpática e acolhedora nos contactos normais, seja com desconhecidos, conhecidos, conhecidos mais ou menos, colegas. Mas daí até passar para amigos, entra a ranhosinha. Para passar para amigos, amigos, a quem só devo chamar uns 5 ou 6 é preciso realmente muito tempo. Não sou de dar confianças. Não sou. Mas isso não quer dizer que seja antipática. Além de não ser de dar confianças, sou também muito exigente. É isso. Acho que se pode dizer dessa forma, sou exigente com as pessoas. Pelo menos com aquelas que quero ter comigo. Com as pessoas que não estão à altura da minha exigência eu, provavelmente, acciono a Sofia ranhosinha. Isto pode parecer muito frio (agora que voltei a reler até que parece mesmo), mas não deixo mesmo entrarem na minha vida mais pessoas só porque é socialmente aceitável que todos tenhamos de ter um leque de amigos enorme, que todos façamos grandes declarações públicas dos amigos e das relações, que todos tenhamos de sair em banda e todos os que vierem já são nossos amigos do peito. Quem é feliz assim, a mim dá-me igual. Eu não sou, nem mais nem menos feliz por não o ser assim. Simplesmente não sou. Não consigo.
Consigo sim ter os meus 5-6. E mantê-los. Somos os amigos que não têm necessariamente que ir a correr contar tudo o que se passa na sua vida, ou o que se passou no seu dia. Mas somos os amigos que mobilizam um mundo para estar presente nas celebrações importantes. Somos os amigos que mobilizam tudo em situações de crise. Somos os amigos que quando não há muito que dizer (ou não se quer) estão simplesmente juntos. Somos os amigos que sentem o aperto no peito por saber que o outro está mal. E somos aqueles que, por muito cansados, muito distantes, muito envolvidos na sua própria vida, sabemos sempre que para os nossos amigos-amigos, nós somos também amigos-amigos.

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