Em primeiro lugar há que dizer que não estou grande fã, para já, desta versão. Não sei se é de ver os putos vestidos de crescidos, se é vê-los (alguns) a cantar canções com letras que nem deviam ouvir, não sei se é mesmo de ver um monte de putos juntos naquela idade chatinha, chatinha entre os 10 e os 14, mais coisa menos coisa. Mas bem, o que me pôs ontem a caixa craniana a pensar foi um comentário de um membro do júri, António Sala. Na gala da semana passada uns putos foram eliminados, enquanto outros passaram. Alguns dos eliminados tal o drama de serem eliminados largaram a chorar. Até aqui tudo bem, crianças (e suponho que alguns paizinhos) põe na cabecinha que vencer aquele concurso é a última coca-cola do deserto e olá desilusão. Nada que os mate. Mas deixai-los chorar e expressarem que já muito serão reprimidos daqui a uns anos. Ora na gala de ontem à noite o António Sala aproveitou para dizer aos meninos (e bem!) que é preciso relativizar, levar aquilo na brincadeira, que não devem ficar assim tristes e tudo muito bem. Ele erra quanto a mim no que diz a seguir. Levou como convidada ao programa uma menina de 8 anos que está neste momento a lutar contra um cancro, que inclusive nesse dia tinha amputado uma perna. Ao apresentar a menina dá uma espécie de "sermão" aos meninos concorrentes que tinham chorado e aos que poderiam vir a chorar de que aquilo sim é que eram problemas pelos quais se devia chorar. Por mais que assuntos como estes nos toquem, que tocam e que devam ser falados e inclusive neste tipo de programas, não me pareceu de todo o modo mais correcto. É que eu já seja quais forem odeio comparações. Ainda mais quando comparamos coisas não comparáveis. Para mim o resultado daquele discurso foram dois. A menina, que infelizmente tem cancro, a ficar mais triste por ser usada como um elemento de comparação que não deixa outros meninos ficarem tristes. E os meninos do concurso e outros meninos em casa que choraram (e devem chorar se assim o sentirem!) a sentirem-se as piores pessoas do mundo por terem expressado o que lhes ia nas entranhas. Volto a dizer, repito, sublinho e recalco, entendo a mensagem de que é preciso tirar todo o dramatismo e exagero da cabeça dos meninos que vão para este tipo de programas. Que é preciso eles saberem que essencialmente estão lá para se divertir e que tudo é passageiro. Concordo plenamente até aqui. Só não concordo, nem gostei da comparação utilizada. E a ver pela reacção do estúdio e dos apresentadores, Cristina Ferreira e Manuel Luís Goucha, não fui só eu a reparar.
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